Segundo dados de 2014 do Alto Comissariado das Nações Unidas
(ACNUR), estima-se que 13,9 milhões de pessoas foram deslocadas devido aos
conflitos e perseguições. Uma média de 42.500 pessoas, por dia, tem abandonado
suas casas em busca de proteção nas fronteiras do seu próprio país ou em outros
países.
O Brasil tem acolhido muitos desses imigrantes e refugiados que
chegam ao país por intermédio de outras pessoas ou até mesmo clandestinamente
nos portos.
De acordo com o pároco da Igreja Nossa Senhora da Paz e
responsável pela “Missão Paz” em São Paulo, padre Paolo Parise, a instituição,
em parceria com a Caritas Arquidiocesana de São Paulo, realiza um trabalho de
acolhimento desses refugiados e imigrantes oferecendo a eles informações
básicas para que possam se ajustar nesse novo país.
Padre Paolo explica que a “Missão Paz” é formada por quatro
setores: Casa do Migrante, Centro de Pastoral e Mediação dos Migrantes, Centro
de Estudos Migratórios e religiosidade. Entre todas as formas de acolhimento, a
Casa do Migrante é um abrigo com capacidade para 110 pessoas e hoje acolhe
refugiados e imigrantes de diversas nacionalidades como República Democrática
do Congo, Angola, Nigéria, Togo, Mali e Síria.
“Temos uma série de serviços e documentação a serem entregues;
então, ajudamos os imigrantes a agendar [um horário] na Polícia Federal e
preparamos toda a documentação para eles. Feita a parte de documentação, eles
precisam aprender Português; então, oferecemos cursos de manhã, tarde e noite
em muitos lugares da cidade”, explicou padre Paolo.
Além do curso de Língua Portuguesa, a “Missão Paz” também oferece
cursos profissionalizantes como uma forma de incentivo e possível contratação,
pois, segundo o sacerdote, a instituição proporciona aos imigrantes e
refugiados um primeiro contato com as empresas.
De acordo com padre Parise, em 2014, cerca de 2.739 pessoas foram
contratadas por meio de cursos de capacitação profissional para o imigrantes e
refugiados. A Missão Paz também oferece outros serviços como assistência
médica, psicológica e educacional para os adultos e crianças como a criação de
uma brinquedoteca.
“Criamos um espaço, uma briquedoteca para que as crianças com a
mãe possam brincar, divertirem-se e construir um espaço lúdico. A criança tem
mais facilidade, em relação ao adulto, na aprendizagem do idioma. Muitas vezes,
nós as encontramos fazendo as traduções para a mãe e o pai.”
Padre Paolo explica que muitos desses refugiados chegam à
instituição profundamente abalados por terem presenciado situações de guerra.
No ano de 2014, a Missão Paz acolheu cerca de 7 mil imigrantes e refugiados. Na
Casa do Migrante, cerca de 800 pessoas precisaram de alimentação e abrigo.
“Neste ano, já estamos com 5 mil pessoas que passaram por aqui”, ressaltou
padre Paolo.
O coordenador da “Missão Paz” acredita que a escolha desses
imigrantes e refugiados pelo Brasil seja por questões financeiras e pela
facilidade de entrar no país. Um exemplo, citado por padre Paolo, é que, ao
conversar com alguns sírios nas cidades de Fortaleza (CE), Brasília (DF) e São
Paulo (SP) disseram que para ir à Alemanha gastariam cerca de 9 mil dólares,
com perigo de morrer no mar durante a travessia; para o Brasil, os gastos são
menores, cerca de quase 2 mil dólares.
“Diria que é uma questão econômica. Eles prefeririam ir para a
Europa, mas o fato de ser mais complicado, eles escolhem o Brasil. Outros
tentam usar o país como um lugar de passagem – vou lá, organizo-me de novo e,
depois, vou para outro país. Acho importante observar também que quem escolhe o
Brasil é uma parte muito pequena. No entanto, tem aumentado muito o número de
refugiados reconhecidos no país, são mais de 8 mil neste momento”, destacou o
sacerdote.
Padre Paolo também destaca que, diante do ponto de vista da fé,
precisamos “encontrar Cristo no imigrante e no refugiado”.
Fonte: noticiascatolicas.com.br
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