A Rede Cáritas Brasileira aprovou uma moção de apoio e solidariedade às
famílias atingidas pelo desastre nas barragens de rejeitos localizadas no
município de Mariana (MG). A elaboração do documento foi proposta durante a XX
Assembleia Nacional da Cáritas Brasileira e divulgada nesta segunda-feira, 16.
O rompimento das barragens Santarém e Fundão, no Distrito de Bento
Rodrigues, a 23 quilômetros da sede municipal de Mariana, ocorreu no último dia
5 de novembro. O distrito e, principalmente, o Rio Doce foram inundados com
lama, rejeitos sólidos e água usada no processo de mineração, afetando todo o
percurso do rio até o mar.
As barragens eram de responsabilidade da empresa mineradora Samarco,
controlada pelas companhias Vale e BHP Billiton. O desastre já comprometeu o
abastecimento de água de 17 municípios da região, atingindo cerca de 800 mil
pessoas, e vem sendo considerado o pior em termos ambientais ocorrido até hoje
no Brasil.
Leia abaixo o texto da moção na íntegra:
Moção de apoio e solidariedade às famílias
atingidas pelo desastre criminoso no rompimento das barragens de rejeito em
Mariana/MG
A Rede Cáritas Brasileira, composta por 192 entidades-membros, reunidas
na XX Assembleia Nacional, em Brasília/DF, entre os dias 12 e 15 de novembro de
2015, vem manifestar seu apoio e solidariedade às famílias e comunidades
atingidas pela catástrofe causada pelo rompimento das barragens Santarém e
Fundão, no município de Mariana – Minas Gerais, ocorrido no dia 5 de novembro
deste ano, que já comprometeu o abastecimento de água de 17 municípios,
atingindo 800 mil pessoas. E reivindicar e exigir, junto às empresas envolvidas
e aos poderes públicos, que garantam e assegurem os direitos das famílias
atingidas por esta catástrofe, com diligência e justiça.
Ao mesmo tempo, repudia e denuncia a irresponsabilidade e a negligência
das companhias Vale e BHP Billiton (controladoras da mineradora Samarco), bem
como das instituições públicas de controle, diante desta tragédia anunciada.
Tal situação é fruto de um modelo de desenvolvimento que não privilegia as
comunidades locais, constituindo-se em uma política de apropriação dos nossos
territórios, de bens naturais, culturais e recursos hídricos por grandes grupos
econômicos.
Este modelo, que tem como um de seus pilares a mineração, não está
presente apenas em Mariana, mas sim em boa parte do território brasileiro, e
vem provocando impactos violentos no cotidiano de povos, comunidades e
territórios, gerando dor, tristeza e desolação. Entre estes impactos, estão as
remoções forçadas de famílias e comunidades, a poluição das nascentes, dos
rios, do ar, a poluição sonora, o desmatamento, acidentes de trabalho, de
trânsito, falsas promessas de prosperidade, concentração privada da riqueza e
distribuição pública dos prejuízos, criminalização dos movimentos sociais,
descaracterização e desagregação sociocultural.
Por isso, nesta nossa XX Assembleia Nacional, denunciamos este desastre
criminoso causado pelas companhias Vale e BHP Billiton (Samarco) e exigimos que
o direito das famílias atingidas por esta catástrofe sejam garantidos.
Convocamos todos e todas a darem sua contribuição para a Campanha “SOS
Mariana”, que está sendo lançada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
– CNBB e Cáritas Brasileira, para que possamos, junto com a Igreja e os
movimentos sociais da região, diminuir o sofrimento das famílias e lutar pela
garantia dos direitos dos atingidos e atingidas por este desastre criminoso.
“É necessário unir o cordão, por isso vem (…)”
Brasília/DF, 15 de novembro de 2015
Rede Cáritas Brasileira, em sua XX Assembleia Nacional
Rede Cáritas Brasileira, em sua XX Assembleia Nacional
Fonte: noticiascatolicas.com.br
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