Qual o significado da família? Pare e pense um instante para responder essa
pergunta. O valor contido nessa instituição, um ambiente familiar, é imenso,
incalculável. Isso nos remete aos nossos ancestrais: pais, avós e bisavós.
Graças à união deles, à nossa árvore genealógica, estamos aqui para refletir e
ter o coração grato ao nosso passado. Para este olhamos com gratidão; para o
presente, com paixão, e contemplamos o futuro com esperança. Atento às
necessidades do mundo atual, o Santo Padre acompanhou, com ternura de pai, a
realização do Sínodo Ordinário dos Bispos sobre a Família até a sua conclusão.
Depois de três semanas de trabalhos, o Papa ouviu atentamente as declarações
dos cerca de trezentos participantes.
Com sabedoria e discernimento próprios, o primeiro Papa jesuíta
da Igreja Católica apresentou seu discurso de conclusão. A palavra
“significado” acompanhou cada parágrafo do documento. As três semanas de
trabalho no Vaticano foram o ponto de chegada de um longo caminho percorrido
por cristãos do mundo todo. Os debates deram demonstrações da vitalidade da
Igreja Católica. Quase despercebido, no rodapé, um detalhe do discurso do Papa
Francisco, disponível na internet, chama à atenção. Uma análise em forma de
acróstico ajuda a resumir a missão da família na Igreja.
O
significado de cada letra da palavra família
O texto original foi escrito em italiano, portanto, as iniciais
são da palavra famiglia:
Espaço
onde se manifesta o amor divino
Formar
as novas gerações para viverem seriamente o amor, não como pretensão
individualista, baseada apenas no prazer e no «usa e joga fora», mas para
acreditarem novamente no amor autêntico, fecundo e perpétuo, como único caminho
para sair de si mesmo, para abrir-se ao outro, sair da solidão e viver a vontade
de Deus, para realizar-se plenamente e compreender que o matrimônio é o «espaço
onde se manifesta o amor divino, para defender a sacralidade da vida, de toda a
vida, e defender a unidade e a indissolubilidade do vínculo conjugal como sinal
da graça de Deus e da capacidade que o homem tem de amar seriamente» (Homilia
na Missa de Abertura do Sínodo, 4 de Outubro de 2015); enfim, para valorizar os
cursos pré-matrimoniais como oportunidade de aprofundar o sentido cristão do
sacramento do matrimônio;
Aviar-se
ao encontro dos outros, porque uma Igreja fechada em si mesma é morta; uma
Igreja que não sai do seu aprisco para procurar, acolher e conduzir todos a
Cristo atraiçoa a sua missão e vocação;
Manifestar
e estender a misericórdia de Deus às famílias necessitadas, às pessoas
abandonadas, aos idosos negligenciados, aos filhos feridos pela separação dos
pais, às famílias pobres que lutam para sobreviver, aos pecadores que batem às
nossas portas e àqueles que se mantêm longe, aos deficientes e a todos aqueles
que se sentem feridos na alma e no corpo e aos casais dilacerados pela dor,
doença, morte ou perseguição;
Iluminar
as consciências, frequentemente rodeadas por dinâmicas nocivas e subtis
Iluminar
as consciências, frequentemente rodeadas por dinâmicas nocivas e subtis, que
procuram até se pôr no lugar de Deus Criador. Tais dinâmicas devem ser
desmascaradas e combatidas no pleno respeito pela dignidade de cada pessoa;
ganhar e reconstruir com humildade a confiança na Igreja, seriamente diminuída
por causa da conduta e dos pecados dos seus próprios filhos. Infelizmente, o
contratestemunho e os escândalos cometidos dentro da Igreja por alguns clérigos
afetaram a sua credibilidade e obscureceram o fulgor da sua mensagem salvífica;
Labutar
intensamente por apoiar e incentivar as famílias sãs, as famílias fiéis e
numerosas que continuam, não obstante as suas fadigas diárias, a dar um grande
testemunho de fidelidade aos ensinamentos da Igreja e aos mandamentos do
Senhor;
Tirar
do coração dos jovens o medo de assumir compromissos definitivos
Idear
uma pastoral familiar renovada, que esteja baseada no Evangelho e respeite as
diferenças culturais; uma pastoral capaz de transmitir a Boa Nova com linguagem
atraente e jubilosa, tirar do coração dos jovens o medo de assumir compromissos
definitivos; uma pastoral que preste uma atenção particular aos filhos que são
as verdadeiras vítimas das lacerações familiares; uma pastoral inovadora que
implemente uma preparação adequada para o sacramento do matrimônio e ponha
termo a costumes vigentes, os quais, muitas vezes, preocupam-se mais com a
aparência de uma formalidade do que com a educação para um compromisso que dure
a vida inteira;
Amar
incondicionalmente todas as famílias e, de modo particular, aquelas que
atravessam um período de dificuldade. Nenhuma família deve sentir-se sozinha ou
excluída do amor e do abraço da Igreja; o verdadeiro escândalo é o medo de amar
e manifestar concretamente esse amor.
A
Igreja não tem medo de abalar as consciências anestesiadas
O Santo Padre afirma que a Igreja “não tem medo de abalar as
consciências anestesiadas ou sujar as mãos com discussões animadas e francas
sobre a família”. Os bispos buscaram olhar e ler as realidades com os olhos de
Deus, para acender e iluminar com a chama da fé os corações das pessoas numa
época marcada por desânimo, crise social, econômica, moral e negativa. Corações
fechados também foram observados, bem como tentativas de julgamento, com sinais
de superioridade e superficialidade. No entanto, no caminho desse Sínodo
prevaleceram livre expressão de opiniões e resultaram em um diálogo rico e
animado, “proporcionando a imagem viva de uma Igreja que não usa «impressos
prontos», mas que, da fonte inexaurível da sua fé, tira água viva para saciar
os corações ressequidos”.
Por
Rodrigo Luiz dos Santos (via Canção Nova)
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