
“Voltemos nosso olhar sobre o modo com o qual a
família vive a responsabilidade de comunicar a fé, de transmitir a fé, seja ao
interno dela ou ao externo”, destacou. O Papa recorda que, quando Jesus afirma
o primado da fé em Deus, não encontra uma comparação mais significativa para
expressar essa vivência do que a afetividade em família.
“Estes laços familiares, dentro da experiência de fé
e do amor de Deus, são transformados, são ‘preenchidos’ de um sentido maior e
são capazes de ir além deles mesmos para criar uma paternidade e uma
maternidade mais amplos, e para acolher como irmãos e irmãs também aqueles que
estão à margem de qualquer vínculo”, refletiu.
A gramática da família
Neste contexto, o Papa lembrou do trecho do
evangelho de Marcos no qual Jesus responde, apontando para seus discípulos, que
ali está sua mãe e seus irmãos e não do lado de fora.
“A sabedoria dos laços que não se compram e não se
vendem é o dom principal da família. Em família, aprendemos a crescer naquela
atmosfera dos laços. A gramática se aprende no seio da família, caso contrário
é bem difícil aprendê-la. É justamente esta a linguagem por meio da qual Deus
se faz compreender por todos”, sublinhou.
Ao afirmar que a difusão de um estilo familiar nas
relações humanas é uma benção para os povos por trazer outra vez a esperança
para a Terra, o Papa reforçou um convite especial.
“O chamado a colocar os laços familiares no âmbito
da obediência da fé a da aliança com o Senhor não os mortifica; ao contrário,
os protege, os desvincula do egoísmo, os cuida do degrado, os coloca a salvo
para a vida que não morre”.
O Santo Padre acrescentou dizendo que quando os
laços familiares se deixam converter ao testemunho do Evangelho, se tornam
capazes de coisas impensáveis, que fazem tocar com as mãos as obras que Deus
realiza na história, como aquelas que Jesus fez para os homens, as mulheres que
as crianças que encontrou.
O agir de Deus
Ao recordar o mistério da ação de Deus neste mundo,
Francisco elevou dois aspectos importantes nos quais os homens se relevam
instrumentos de amor.
“Um só sorriso milagrosamente saído do desespero de
uma criança abandonada, que recomeça a viver, nos explica o agir de Deus no
mundo mais do que mil tratados teológicos. Um só homem e uma só mulher, capazes
de arriscar e de se sacrificar pelo filho do outro, e não somente pelo próprio,
nos explicam coisas do amor que muitos cientistas não compreendem mais”, disse
o Papa.
Protagonismo da família
O Papa “animou” para que a família seja restituída,
a partir da Igreja, o protagonismo de poder responder ao chamado de Jesus e ser
maestra do mundo com base na aliança do homem e da mulher com Deus.
“Pensemos ao desenrolar deste testemunho, hoje.
Imaginemos que o leme da história (da sociedade, economia, política) seja
entregue, finalmente, à aliança do homem e da mulher, para que o governem com o
olhar voltado às gerações futuras. Os temas da terra e da casa, da economia e
do trabalho, tocariam uma música muito diferente”, idealizou o Pontífice.
Desertificação da sociedade
Francisco concluiu sua catequese com uma apelo à
vida em comunidade ao afirmar que a aliança da família com Deus é chamada hoje
a contrastar a desertificação comunitária da cidade moderna.
“As nossas cidades estão desertificadas pela falta
de amor, pela falta de sorriso. Tanta diversão, tantas coisas para perder tempo
e rir, mas o amor falta. O sorriso de uma família é capaz de vencer esta
desertificação. Esta é a vitória do amor, da família”, disse.
Ao retomar a catequese, o Papa disse: “Nenhuma
engenharia econômica e política é capaz de substituir esta contribuição das
famílias (…) Devemos sair das torres e dos quartos blindados das elites para
voltar a frequentar as casas e os espaços abertos das multidões”.
E finalizou: “Rezem por mim, rezemos uns pelos
outros, para que sejamos capazes de reconhecer e apoiar as visitas de Deus. O
Espírito trará uma bagunça saudável às famílias cristãs, e a cidade do homem
sairá de sua depressão”.
Apelo pela paz
Ao final da Audiência geral, o Papa fez um apelo
pela paz ao recordar que, nestes dias, também o Extremo Oriente recorda o fim
da Segunda Guerra Mundial. Ao renovar suas fervorosas orações ao Senhor para
que, por intercessão de Nossa Senhora, o mundo de hoje não precise mais
experimentar os horrores e os assustadores sofrimentos de tais tragédias, o
Papa reiterou o pedido de seus predecessores: “Guerra nunca mais”.
Por Canção Nova, com Rádio Vaticano
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